RP Fechada - east, west, home's best

Já era noite quando finalmente cheguei à casa dos Dupont, uma enorme mansão nos arredores de Nova York, espalhafatosa do jeito que os dono da casa sempre foram, mostrando ao mundo sua riqueza e mascarando seu vazio interior. Mas afinal de tudo, eram meus pais, a alegria de retornar após duas semanas longe de casa era satisfatória, reencontrar os conhecidos, uma imagem familiar, as pessoas da cidade e também minha irmã, Andrômeda.

A mochila pesada com meus itens encontrados e acumulados durante a viagem me fazia andar levemente curvado por ter passado tanto tempo andando com ela nas costas. Quem observasse de longe, acharia que um mendigo acabara de invadir uma mansão, afinal, com a calça suja e rasgada, a barba por fazer e também a camiseta que uma hora havia sido branca toda suja, não combinava nem um pouco com aquele cenário. Mas no fim, estava feliz.

Adentrei a mansão pela porta da frente, despreocupado, fechando-a atrás de mim e pigarreando antes de avisar: "Voltei!". E segui caminhando pela casa, endo em direção à cozinha onde ouvia o barulho de alguma coisa no fogo. A casa estava, como sempre, limpa e arrumada, tive que me esgueirar para que a mochila não trombasse com alguma peça cara de decoração, que por sua vez não teria nada de especial em sua essência a não ser os valores absurdos que são pagos por elas. Cheguei ao cômodo em que desejava, encontrando minha mãe, Alexia Dupont, parada recostada no balcão da cozinha olhando diretamente para mim, mais ao fundo, meu pai, Edmound Dupont, sentado em uma cadeira com um enorme livro de astrofísica aberto à sua frente, os dois me encaravam com faíscas saindo dos olhos.

— Ei! — Cumprimentei animado, tirando a mochila das costas e apoiando-a no chão, me alongando em seguida. — Vocês não vão acreditar por onde eu...

— Alexander. Hirsch. Dupont! — Disse a mulher entredentes. — Por onde você estava?!

— Eu ia falar isso, mas você me interrom... — Comecei com um sorriso, porém novamente fui interrompido:

— Você tem ideia do quanto ficamos preocupados?! — Vociferou o homem, fechando o livro e se levantando. — Duas semanas, Alex! Duas semanas sem notícias, nós mandamos a polícia ir atrás de você e vasculharam a cidade inteira e não te encontraram! Onde você esteve?!

Cruzei os braços e me apoiei no batente da porta com o ombro, suspirando e revirando os olhos. Esperava algo parecido com aquilo, mas talvez a reação deles havia sido um pouco mais exagerada.

— Estive trabalhando. Tennessee. Tinha essa fazenda de milho e...

— Uma fazenda de milho, Edmound! — Disse Alexia indignada, virando-se para o meu pai.

— Deixem eu terminar uma frase pelo menos! — Exclamei com a voz exaltando-se mais do que deveria, mas realmente, estava perdendo a paciência com aquela encenação. Os dois olharam para mim assustados, o silêncio tomou conta da cozinha.